O Segredo dos Baús
Tadiane
Tronca
Juventino
Dal Bó - 2015
Este
ano completa 140 anos desde que os primeiros imigrantes italianos vieram para o
Rio Grande do Sul.
Li
no jornal sobre as comemorações que estão acontecendo por causa desta data!!!
Nossa!!!
Lembrei agora de uma tarefa de casa que tive que fazer para a escola quando
tinha 10 anos!
Entrevistar
um antepassado e contar sobre um fato marcante ou misterioso...
Eu
escrevi sobre... “O Segredo dos Baús”!!!
Minha
nonna Adelina me contou que a nossa família veio de um lugar que parece uma
bota, a Itália, e que a gente vai de avião... só que eles vieram de navio...
A
viagem demorou mais que as minhas férias de inverno!
Olha
só esta foto que está no porta retrato da sala da minha casa.
A
guriazinha é a minha bisavó Mariana. O retrato foi tirado antes deles
embarcarem.
Eles
vieram porque na época todo mundo falava que aqui na “América era melhor de
viver”.
Ela
contou também que na viagem aquele navio cheio de gente, todas as noites
aconteciam coisas estranhas:
O
convés do navio amanhecia enfeitado!
As
roupas apareciam cheias de nós;
Os
cadarços dos sapatos eram amarrados uns nos outros...
Os
homens encontravam seus chapéus pintados com cores berrantes...
Fotografias
de recordação apareciam rabiscadas.
Até
minha bisavó, uma manhã, acordou com o cabelo todo em trancinhas. E não foi a
mãe dela quem fez!!!
Adultos
pensavam que as esquisitices daquela viagem eram travessuras das crianças. Mas
não eram... As crianças pensavam: “será que este navio é mal-assombrado???”
No
dia em que minha nonna me contou essa história, perguntei: _ Mas se não era as
crianças quem era então???
“Pois
é... Era o que todo mundo queria saber” – respondeu ela, me convidando para
fazer um lanchinho delicioso!!!
Eu
levo as minhas coisas da escola na mochila, mas na época em que a minha bisa
era pequena como eu, era esse negócio de “baú”.
Aquele
dia em que a bisa acordou com trancinha no cabelo, ela pensou: “Depois dessa
bagunça, se fosse eu, ia me esconder bem escondidinha pra ninguém me pegar!
Sabem onde???”
E
as crianças descobriram quem eram os viajantes misteriosos... os sanguinéis!!!
E
aí, nonna?
_Jogaram
todos eles no mar? – perguntei.
_
Na na ni na não!
_Não!...
As crianças não contaram... Elas gostavam deles... Eram como duendes viajando
como clandestinos...
E
tinha tanta coisa pra fazer: desembarcar do navio... baú pra cá, baú pra lá;
viajar pelo meio do mato; se alojar no barracão; construir casas, plantar...
que os adultos esqueceram de tudo aquilo... menos o “mandão” do Beppe Schifoso...
Depois
de um tempo, lá na colônia, é que a confusão foi grande... O Beppe Schifoso, um
dia, viu um vulto estranho no seu galinheiro... Podia ser uma raposa, mas ele
achava que era o sanguanel. Tudo que acontecia – se as vacas perdiam o leite,
se fincava um espinho no pé – o Beppe falava que era culpa do sanguanel...
O
mel sumia das colmeias... Até os cavalos apareciam de tranças! Diziam que se
algém pisasse na pegada de um sanguanel, ficava vagando pelo mato a noite
inteira, sem achar a porta de casa!
Uma
manhã a bis ouviu o grito da mãe dela:
_ Gasù bambino!!!!
Luigi!!! O teu cabelo...
_Mamma mia!!! Quem
me lambeu???
Na
madrugada que o sino tocou foi a gota d’agua. No dia seguinte o Beppe Schifoso
convocou uma reunião de toda a vizinhança pra mandar eles de volta para a
Itália!!!
_
Bah... e eles voltaram? _ Não mesmo... Tu sabe quem ajudou aquela gente a ver
que os sanguanéis também faziam parte daquele mundo novo? Tua bisavó Mariana e
as outras crianças!!! Elas diziam que os sanguanéis eram amigos das crianças e
dos animais!
Fiquei
pensando que hoje em dia ninguém mais quase vê ou ouve falar dos sanguanéis.
Será que era só uma lenda? Hoje, as pessoas vão almoçar nos restaurantes das
colônias... Comer sopa de agnolini, massa, galeto e polenta... Mas ninguém
pensa que podemos estar sendo observados por um sanguanel...
_Que
legal saber dos sanguanéis!!! Isso também faz parte dos mistérios do meu
passado, né, nonna Lina?
_Claro!!!
Todos têm o direito de saber a sua história... E carregar seus baús para onde
se sentirem mais felizes!!! E afinal, como a tua bisavó Mariana dizia: “Um
lugar para plantar e colher, todos merecem ter!!!”
Exercícios:
1-
Desenhe o Beppe
Schifoso:
2-
Este livro foi
escrito em 2015, e conta que faziam 140 anos que os primeiros imigrantes vieram
para o Brasil. Hoje fazem quantos anos?
3-
Qual festa
acontece na nossa cidade que nos faz relembrar da Imigração Italiana?
4-
Por que alguns
italianos migraram para o Brasil?
5-
Quais eram as
travessuras que os sanguanéis aprontavam no navio?
6-
O que os imigrantes
fizeram depois que desembarcaram do navio?
7-
Você sabe o que
significa schifoso?
8-
Cite algumas
travessuras que aconteceram na sua casa ou na sua escola que poderiam ter sido
feitas por um Sanguanel.
9-
O que é, o que
é... que se joga fora o de fora e se cozinha o de dentro; depois se come o de
fora e se joga fora o de dentro?
10-
Liste os
alimentos que são citados no texto e que fazem parte da culinária italiana.
11-
Escreva o que
você entende das palavras da bisavó Mariana: “Um lugar para plantar e colher,
todos merecem ter”.
12-
Os nomes próprios
masculinos que aparecem no texto são Beppe e Luigi. Com a ajuda da professora
reescreva-os em português.
13-
Você acha que os
sanguanéis eram lenda? Por quê?
14-
Desenhe um
sanguanel.
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