terça-feira, 12 de abril de 2016

O Segredo dos Baús

O Segredo dos Baús
Tadiane Tronca
Juventino Dal Bó - 2015

Este ano completa 140 anos desde que os primeiros imigrantes italianos vieram para o Rio Grande do Sul.
Li no jornal sobre as comemorações que estão acontecendo por causa desta data!!!
Nossa!!! Lembrei agora de uma tarefa de casa que tive que fazer para a escola quando tinha 10 anos!
Entrevistar um antepassado e contar sobre um fato marcante ou misterioso...
Eu escrevi sobre... “O Segredo dos Baús”!!!
Minha nonna Adelina me contou que a nossa família veio de um lugar que parece uma bota, a Itália, e que a gente vai de avião... só que eles vieram de navio...
A viagem demorou mais que as minhas férias de inverno!
Olha só esta foto que está no porta retrato da sala da minha casa.
A guriazinha é a minha bisavó Mariana. O retrato foi tirado antes deles embarcarem.
Eles vieram porque na época todo mundo falava que aqui na “América era melhor de viver”.
Ela contou também que na viagem aquele navio cheio de gente, todas as noites aconteciam coisas estranhas:
O convés do navio amanhecia enfeitado!
As roupas apareciam cheias de nós;
Os cadarços dos sapatos eram amarrados uns nos outros...
Os homens encontravam seus chapéus pintados com cores berrantes...
Fotografias de recordação apareciam rabiscadas.
Até minha bisavó, uma manhã, acordou com o cabelo todo em trancinhas. E não foi a mãe dela quem fez!!!
Adultos pensavam que as esquisitices daquela viagem eram travessuras das crianças. Mas não eram... As crianças pensavam: “será que este navio é mal-assombrado???”
No dia em que minha nonna me contou essa história, perguntei: _ Mas se não era as crianças quem era então???
“Pois é... Era o que todo mundo queria saber” – respondeu ela, me convidando para fazer um lanchinho delicioso!!!
Eu levo as minhas coisas da escola na mochila, mas na época em que a minha bisa era pequena como eu, era esse negócio de “baú”.
Aquele dia em que a bisa acordou com trancinha no cabelo, ela pensou: “Depois dessa bagunça, se fosse eu, ia me esconder bem escondidinha pra ninguém me pegar! Sabem onde???”
E as crianças descobriram quem eram os viajantes misteriosos... os sanguinéis!!!
E aí, nonna?
_Jogaram todos eles no mar? – perguntei.
_ Na na ni na não!
_Não!... As crianças não contaram... Elas gostavam deles... Eram como duendes viajando como clandestinos...
E tinha tanta coisa pra fazer: desembarcar do navio... baú pra cá, baú pra lá; viajar pelo meio do mato; se alojar no barracão; construir casas, plantar... que os adultos esqueceram de tudo aquilo... menos o “mandão” do Beppe Schifoso...
Depois de um tempo, lá na colônia, é que a confusão foi grande... O Beppe Schifoso, um dia, viu um vulto estranho no seu galinheiro... Podia ser uma raposa, mas ele achava que era o sanguanel. Tudo que acontecia – se as vacas perdiam o leite, se fincava um espinho no pé – o Beppe falava que era culpa do sanguanel...
O mel sumia das colmeias... Até os cavalos apareciam de tranças! Diziam que se algém pisasse na pegada de um sanguanel, ficava vagando pelo mato a noite inteira, sem achar a porta de casa!
Uma manhã a bis ouviu o grito da mãe dela:
_ Gasù bambino!!!! Luigi!!! O teu cabelo...
_Mamma mia!!! Quem me lambeu???
Na madrugada que o sino tocou foi a gota d’agua. No dia seguinte o Beppe Schifoso convocou uma reunião de toda a vizinhança pra mandar eles de volta para a Itália!!!
_ Bah... e eles voltaram? _ Não mesmo... Tu sabe quem ajudou aquela gente a ver que os sanguanéis também faziam parte daquele mundo novo? Tua bisavó Mariana e as outras crianças!!! Elas diziam que os sanguanéis eram amigos das crianças e dos animais!
Fiquei pensando que hoje em dia ninguém mais quase vê ou ouve falar dos sanguanéis. Será que era só uma lenda? Hoje, as pessoas vão almoçar nos restaurantes das colônias... Comer sopa de agnolini, massa, galeto e polenta... Mas ninguém pensa que podemos estar sendo observados por um sanguanel...
_Que legal saber dos sanguanéis!!! Isso também faz parte dos mistérios do meu passado, né, nonna Lina?
_Claro!!! Todos têm o direito de saber a sua história... E carregar seus baús para onde se sentirem mais felizes!!! E afinal, como a tua bisavó Mariana dizia: “Um lugar para plantar e colher, todos merecem ter!!!”

Exercícios:
1-       Desenhe o Beppe Schifoso:
2-       Este livro foi escrito em 2015, e conta que faziam 140 anos que os primeiros imigrantes vieram para o Brasil. Hoje fazem quantos anos?
3-       Qual festa acontece na nossa cidade que nos faz relembrar da Imigração Italiana?
4-       Por que alguns italianos migraram para o Brasil?
5-       Quais eram as travessuras que os sanguanéis aprontavam no navio?
6-       O que os imigrantes fizeram depois que desembarcaram do navio?
7-       Você sabe o que significa schifoso?
8-       Cite algumas travessuras que aconteceram na sua casa ou na sua escola que poderiam ter sido feitas por um Sanguanel.
9-       O que é, o que é... que se joga fora o de fora e se cozinha o de dentro; depois se come o de fora e se joga fora o de dentro?
10-   Liste os alimentos que são citados no texto e que fazem parte da culinária italiana.
11-   Escreva o que você entende das palavras da bisavó Mariana: “Um lugar para plantar e colher, todos merecem ter”.
12-   Os nomes próprios masculinos que aparecem no texto são Beppe e Luigi. Com a ajuda da professora reescreva-os em português.
13-   Você acha que os sanguanéis eram lenda? Por quê?
14-   Desenhe um sanguanel.






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